Neste artigo, proponho uma análise crítica dos discursos contextualizados na alardeada “sociedade global do conhecimento” e da apropriação das tecnologias realizada nos/pelos países periféricos, como o Brasil, cujas práticas enfatizam a informática enquanto “divisor digital" e as “inovações tecnológicas”, como prerrogativas para o desenvolvimento. Evitando as polarizações, além dos discursos apologéticos ou apocalípticos, sobre a tecnologia, que não se presta ao maniqueísmo, demonstro como sua implementação reflete-se no cotidiano, posto que a construção do "imaginário tecnológico" afasta a realidade social com todos os seus conflitos. Verifico como a tecnologia na educação, apresentada como motor suficiente para resolver todos os problemas, presta-se mais à vigilância de coisas/pessoas e controle de dados/informações. Como ferramenta para a administração, controle ou, no máximo, recurso pedagógico, ela foge à sua concepção, enquanto meio para a aquisição da autonomia através da educação. Apresento uma revisão bibliográfica, elencando paradoxos entre tecnocultura, educação e o "determinismo tecnocomercial", a partir dos anos 80/90 do século XX. Através do diálogo entre autores da Sociologia, da Antropologia e da Educação, utilizo-me dos estudos culturais voltados ao cotidiano, para desenvolver os conceitos de isolacionismo e subjetividade; das angústias e plenitude; da tecnologia e coisificação. Analiso determinados elementos, característicos da contemporaneidade, observados nas redes digitais interativas, como I. isolamento e sobrecarga cognitiva, geradora de diversas patologias; II. dominação dos países centrais que monopolizam o trânsito e produção de informações/conhecimento. Também apresento algumas observações sobre as estratégias de resistência, através dos fazeres, usos cotidianos e as ressignificações discursivas da “exclusão digital”, “inserção no mercado de trabalho” e “desenvolvimento social”. Metodologicamente, divide-se este artigo em: 1) Ditadura da informação ou feudalidades técnico-industriais; 2) “Cosmética desenvolvimentista” e 3) Tecnologia e a completude do ser: desafios para a educação contemporânea. Determinados elementos que atravessam o meu referencial teórico permitem desconfiar dos ônus e bônus gestados na relação entre tecnocultura e educação, seus ganhos e prejuízos significativos a ampliar a cooperação entre os agentes diretamente interessados em uma educação emancipadora, que não se esquiva a desvelar o conjunto de conceitos e antivalores, enquanto cimento social. Não só podemos, porém, devemos pensar, pedagogicamente, uma outra lógica, dialética, fundada em valores contra-hegemônicos.